Nenhum país se desenvolveu exportando petróleo cru por multinacional estrangeira
Na farra da entrega do patrimônio nacional, Michel Temer realizou o último leilão de petróleo de seu melancólico fim de governo faltando cerca de uma semana para o primeiro turno da eleição presidencial. A expectativa em torno da 5ª rodada de leilão do pré-sal era de arrecadar R$ 6,82 bilhões, exatamente o valor registrado ao fim do certame, além dos investimentos previsto de R$ 1 bilhão ao longo dos próximos anos. A petroleiras premiadas com o leilão a preço de banana foram, entre outras, a Shell, Chevron e ExxonMobil.
O baixo custo de produção – em torno de US$ 7 o barril, próximo do registrado nas áreas produtoras do Oriente Médio – a alta do petróleo no mercado internacional, acima de US$ 80, maior cotação dos últimos quatro anos, e o potencial das reservas vem despertando a sanha das petroleiras internacionais em torno do pré-sal. Das 12 empresas inscritas no leilão, 11 são multinacionais. O volume estimado dos quatro blocos comercializados – Saturno, Titã, Pau-Brasil e Sudoeste de Tartaruga Verde, nas áreas do pré-sal das bacias de Santos e Campos – é superior a 17 bilhões de barris.
A área do campo de Saturno foi arrematada pelo consórcio formado pelas petroleiras Shell e Chevron com um lance de 70,2% de excedente em óleo à União e um ágio de 300,23% sobre o lance mínimo previsto. O bloco de Titã foi arrematado pelo consórcio formado pelas multinacionais ExxonMobil e QPI, que ofereceram uma quantia de óleo excedente de 23,49% e um ágio de 146,48%.
O bloco de Pau-Brasil, arrematado pelo consórcio integrado pelas empresas BP Energy, Ecopetrol e CNOOC Petroleum (20%) registrou um ágio de 157% sobre o valor mínimo, com um volume de óleo excedente ofertado à União de 63,79%. Já o campo de Tartaruga Verde teve apenas a Petrobrás como participante. A estatal ofereceu um excedente de óleo à União de 10,1% , sem ágio.
Ao todo, das 12 petroleiras inscritas para o leilão, Chevron Brazil Ventures LLC – Estados Unidos; CNOOC Petroleum Brasil Ltda. – China; Ecopetrol S.A – Colômbia; Equinor Brasil Energia Ltda. – Noruega; ExxonMobil Brasil – Estados Unidos; Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobrás) – Brasil; BP Energy do Brasil Ltda. – Reino Unido; CNODC Brasil Petróleo e Gás Ltda. – China; DEA Deutsche Erdoel AG – Alemanha; QPI Brasil Petróleo Ltda. – Catar; Shell Brasil Petróleo Ltda. – Reino Unido, e Total E&P do Brasil Ltda. – França) apenas a alemã DEA Deutsche Erdoel AG ainda não possui contrato para exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil.
Para o presidente da Associação de Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Felipe Coutinho, as atuais condições em que as rodadas de licitação têm ocorrido, são prejudiciais aos interesses nacionais. “As condições hoje permitem que as multinacionais estrangeiras, privadas ou estatais, atuem como operadoras nos consórcios. E, quando isso ocorre, essas multinacionais se apropriam de frações maiores da renda petroleira, porque eles definem como destinar os investimentos, e fazem isso de acordo com seus interesses. A renda petroleira que fica com o Estado nacional, portanto, diminui”, explica.
Ainda, segundo ele, “nenhum país se desenvolveu exportando petróleo cru por multinacional estrangeira. Fazendo desta forma, estamos entrando em novo ciclo colonial, equivalente a todos os outros ciclos coloniais que o país já passou, desde o pau brasil, servindo a interesses antinacionais”.
Fonte: Brasil 247